terça-feira, 17 de março de 2009

Wake Up Alone

Andando pela cozinha, examinei bem (apenas com o olhar) aquela pilha de pratos sujos que se acumulava a três longos dias. A imensa e inútil casa estava vazia. Toda aquela solidão deveria me incomodar profundamente, mas não era assim que me sentia. Na realidade, neste terceiro dia, já não me dava ao luxo de sentir algo. Apenas continuava a caminhar e a olhar aquela imensidão vazia. As vezes saía de casa, para poder respirar. Mas era só as vezes, muito raramente. Preferia continuar trancada e sozinha naquele lugar. Tal lugar que para mim era tão estranho, apesar de morar nele há longos 18 anos. O quarto dia já queria se aproximar, porém o terceiro lutava para continuar ali. Foi uma luta demorada que preferi assisti em minha cama, deitada. Enquanto a hora não passava, eu ficava ali olhando para o teto branco e sem graça. Uma música tocava no fundo. Não conseguia reconhecer nada além da voz feminina. Olhei para o relógio, tinha acabado o terceiro dia. E tinha começado mais um dia de solidão.



Ouvindo: Canção do Abajour - Drosophila

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